segunda-feira, 15 de outubro de 2012


Delitos de Poeta

No papel e no silêncio
me espalho
Desatarraxo os rebites
dessa minha armadura improvisada
confessada agora
inventada agora
para me expor: desejos
para admitir um coração
que desaprende

No mesmo encanto
posso blinda-la
Há de ter algum prenúncio
Hei de sofrer algum ataque de agonias alheias
por me entregar
as paixões intempestivas
e abandona-las incompletas
E há de ter serventia tal vestimenta

Em outro encanto
Posso ser também um camaleão
e imitar todas as cores
Ser o que seus olhos querem ver
Gosto ainda quando passam os olhos em mim
É boa essa sensação que paira perto dos pés
até muito acima cabeça
um arrebol !

Tão fácil iludir
e “sobreviver” a solidão
quero escrever esses “codicilos”
que nos fazem rir e chorar sozinhos
numa dependência dessa saudade
e seus efeitos...

Com essas pequenas coisas faço tráfego
do que só em mim ficaria melancolicamente impregnado
- e o meu delito é bem mais digno de castigo do que dó –

Luciano Lopes

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