Volto a dizer:
você me dói.
Dói muito.
E eu não consigo abrir mão,
dizer não, fingir estranheza,
ignorar o magnetismo,
o lirismo desmedido dos diálogos,
as declarações de olhar,
de mar, de corpo que não sabe esconder.
Eu não consigo desviar do caminho,
da boca, das intenções.
É um complô do tempo:
que não faz passar, dissipar,
que se nega a amenizar nossas pulsações.
E tenho a impressão que te conheço tanto
que desconheço a tua possibilidade
de partir por iniciativa própria.
Você não vai.
Eu te mando embora e você volta.
Liga, desliga, me abre o coração.
Me dói tudo,
inclusive essa tua voz
carregada de verdades.
De instabilidades e insistências.
Eu fico porque sei não,
desprender-me dos teus laços vermelhos.
Nos vestimos
deste querer absurdo
e acendemos estradas,
olhos e caminhos.
Permanecemos até amanhã, talvez.
Até a próxima dor.
Ou até o próximo "para sempre" que encontramos.
Ou melhor, até que o "para sempre", nos encontre.
Erica de Paula
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